Segunda-feira, 16 de Abril de 2007
(resposta a um desafio interessante...)
- Pode arranjar-me um upgrade? É que não me ajeito a comer de pauzinhos...
- Não me digas que ainda não aprendeste? Oh Ana... tão moderna tão sofisticada e é isto...!
- Não aprendi nem aprendo! Quero lá saber disso... e depois já tenho pauzinhos na minha vida que cheguem!
- És uma louca e nunca te ficas. Por essas e por outras é que gosto tanto de ti...
- Oh Zé Pedro, sabes bem que tenho umas mãos que parecem uns pés, não tenho jeito nenhum para “lavores”. Foste tu que me ensinaste a fazer laços direitos, lembras-te?
- Claro que me lembro, nem queria acreditar... eras mesmo pequenina. Tão querida, tão gira, tão esperta e viva e tão ingénua e ávida ao mesmo tempo... E eu, dei cabo de ti, estraguei-te, dei-te cabo da vida...
- Não deste nada, deixa-te disso. O que fizeste foi esclarecer-me. Foi abrir-me os olhos logo cedo. Assim poupaste-me a bastantes dissabores, acredita, e quem sabe a alguns divórcios! Fizeste-me ver que o amor é bom, desde que não se ame. Mostraste-me que a desilusão é sempre grande quando se espera muito. Não vejo nada de mal nisto...
- Sim, mas nunca mais amaste... nunca mais te deste...
- Ok, é verdade, mas isso não é necessariamente mau. É verdade que depois de ti, construí um bloco de gelo à volta do músculo cardíaco. Indestrutível até hoje, mas...
- ...mas isso é muito mau, não percebes? Eu cortei uma parte da tua vida que tu devias ter vivido na plenitude.
- Para amor, chegou-me o teu. Foste o meu príncipe. Não encantado, porque não acredito em contos de fadas. Mas um príncipe, na mesma...
- Então porque é que nunca quiseste casar comigo??
- Porque gostavas demasiado de mim... e porque gostava demasiado de ti...
- Desculpa?? Não percebo!...
- Eu sei que não percebes. Gostavas demasiado de mim para perceber. Tu sempre disseste que eu te ia deixar. Quanto mais não fosse, por causa da nossa diferença de idades. E talvez tivesses razão. Ou talvez eu não seja mulher para casar. Ou talvez eu não merecesse o teu amor. Ou talvez eu te respeitasse demasiado para considerar o teu pedido! Já pensaste que nunca me quis casar contigo, por te admirar demasiado? Por te respeitar como nunca respeitei nenhum homem...? (nem voltei a respeitar, agora que falamos nisso). E sabia que te iria fazer sofrer mais tarde ou mais cedo, enquanto gostasses assim de mim. Sei lá, olha nunca sei muito bem quando penso nisto. E quando me perguntam nunca sei muito bem o que responder. Mas vivemos uns anos fantásticos! E é preferível termos estas recordações, não te parece? Por isso, agora podemos estar aqui de mão dada, em vez de nos olharmos de lado quando nos cruzamos na rua. Muito melhor, mais civilizado, mais primeiro mundo, definitivamente!
- Nem nunca tive a noção que tinha sido o teu “príncipe”...
- Pois é, fica sabendo que foste. Tens um pódio só teu. Não estás em primeiro nem em segundo lugar. Estás sozinho nesse pódio e por isso nunca serás destronado. Hein, já viste a tua sorte?
Humm... este sashimi está divinal, não achas? Está mesmo a saber-me bem!
- Não mudes de assunto... se bem que, estou sem palavras...
- Nesse caso... vamos apreciar estas iguarias nipónicas e sonhar que estamos em Tóquio. És um chato! Nunca quiseste viajar comigo... só querias era freakalhices de caravanas pelos campos fora, e as estrelas e mais não sei o quê... e eu em Nova Iorque alone by myself! O que eu queria era néons e monóxido de carbono e tu só me falavas dos encantos telúricos. Seeeca!
- Era o amor! Ali a dar-me forte e feio!
- Ai Zé Pedro isso não era amor, era uma chatice, tem paciência...
- Só tu é que me dizes essas coisas. As outras ficam todas contentes!
- És um palhaço... Não me venhas falar das outras! Não há comparação sequer, hello?? Achas normal estares a falar das outras nesta altura do campeonato? Ou já te esqueceste porque é que nos separámos...? Eu não! Não me irrites que fico cheia de azia!
- Oh Anita, não era nesse sentido, não fiques assim... Mas tens razão, não torno a dizer estes disparates...
- Acho bem... tenho pouca paciência para parvoeiras.
- (...)
- A verdade é que me consegues enervar como ninguém. E magoar também. Se outro qualquer me falasse assim, entrava-me a 100 e saía a 200. Contigo, fica cá e dói e mói e corrói. Tu nunca terás a noção, nunca! Sempre disseste que eu era fria e distante e dura e sei lá mais o quê, mas nunca percebeste que era para me proteger. Eu tinha de me proteger. Senão, não sei o que seria de mim... Que merda! Não me apetecia nada estar a recordar estas coisas, que chatice. Nem devíamos ter vindo jantar, é sempre a mesma coisa! Tu não resistes e eu não suporto...
- Pois... eu fiz-te mesmo mal. Ao fim destes anos todos e ainda ficas assim.
- É verdade, sim! Fizeste! Pronto, fizeste! Está feito! Mas temos de ver o lado positivo da coisa. Se não fosses tu, provavelmente eu não escreveria a cascar nos homens! Não teria nada para exorcizar! Assim como assim, vou divertindo e acalmando algumas almas mais inquietas! Temos de tentar sempre tirar o melhor partido das situações, sí cariño?
- Pronto! Concedo!
Café, vais querer?
- Eu passo-me contigo realmente... Ao fim de quase vinte anos e não sabes que não bebo café? Só ao estalo!
- É para te irritar... tontinha!
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- Brrr está imenso frio cá fora. Vamos embora, também já é tarde. E estou gelada, chiça, está mesmo frio!
- Anda cá que eu te aqueço...
- Bom, já estivemos a falar melhor... mas estou mesmo gelada, dá cá o braço vá, que assim não se vão as virtudes!
- Sabes que és a mulher que qualquer homem sonharia ter ao lado...
- Sabes que és o homem que qualquer mulher sonharia ter ao lado...
- Amo-te...
- Eu também...
- Fica bem. Cumprimentos ao Miguel...
- Tu também. Cumprimentos à Joana...
TNT
De
cigana a 16 de Abril de 2007 às 22:42
Caramba, que emocionante!
Várias questões que não percebi:
- Esta é a tal versão ecrita por ele?
- Este é o músico que te dava música enquanto se tratavam por você?
As restantes vão poe e-mail...
De
TNT a 16 de Abril de 2007 às 22:55
Isto sou eu a contar a nossa história. Ele aprovou. Gostou muito. Sim, este é o músico...
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