Sábado, 21 de Abril de 2007
As relações virtuais fascinam-me...
Em tempos apresentei uma amiga a um amigo que vive fora. Eles entenderam-se muito bem durante uns dias, mas depois ele teve de voltar para o outro lado do Atlântico. Porém, a afinidade tinha sido tão grande que acabaram por se corresponder durante meses, entre messenger, mails, telefone, etc. Ele ligava-lhe todas as noites, ela enviava-lhe um mail todas as manhãs. Por manhas do destino acabaram por se afastar. No entanto, aquela relação passada essencialmente no éter, era mais forte e estava mais consolidada do que muitas que conheço por aí.
As relações desenvolvidas neste meio são muito mais genuínas, quanto mais genuínas as pessoas forem. Pelo facto de não haver a barreira física da expressão menos feliz ou de um olhar mais crítico, a facilidade da aproximação é deveras atraente. Conseguimos falar de tudo e mais alguma coisa, confessar os nossos receios e fraquezas, porque na verdade, temos sempre a secreta esperança, que aquela pessoa não existe. É apenas um reflexo daquilo que gostaríamos de ter. Nunca a vimos, nunca lhe sentimos o calor ou o cheiro da pele e no entanto está mais próxima de nós e da nossa alma do que alguma outra poderia estar, aqui mesmo ao lado.
A dependência, o hábito e o vício da palavra tornam-se parte integrante das nossas vidas. A partilha da métrica silábica e dos estados de alma no ciberespaço, necessária. E a ressaca da ausência, pesada.
Como diz a letra “A desejar o que não tive, agarrado ao que não tenho*...”
Será possível sentirmos falta do que nunca tivemos? Será legítimo ter saudades do desconhecido? E a intensidade do desejo, será que se desvanece com o conhecimento?
Talvez o melhor, seja o permanente adiamento do encontro. Sem desilusões, sem expectativas goradas. Príncipes e princesas encerrados em torres de chips, motherboards e cristais líquidos.
TNT
* Não Sou o Único - Xutos & Pontapés
De Contradições a 23 de Abril de 2007 às 17:20
Isto promete!!! E o cheiro e o tocar???
De
TNT a 23 de Abril de 2007 às 21:20
Ora a minha vida! Já me viram isto?
Olha... fez-se os possíveis!
Um dia conto a história, não sem antes pedir a devida permissão, claro!
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