Quarta-feira, 30 de Maio de 2007
Nas minhas viagens diárias para o Estoril no comboio da Linha, atento a um casal novinho de vinte e tal anos. Muito queridos um com o outro, uns olhares de cumplicidade, uma ternura invejável. Confesso que não costumo “comover-me” com estas coisas mas devo dizer que esbocei um sorriso ao verificar que eram casados.
Isto já me move. Ver um par de casados muito ternurentos e com ar de quem se está a ver pela primeira vez. Quase que me faz restaurar a fé na raça humana!
Curiosamente, na volta para Lisboa, torno a vê-los e tornaram a ficar perto de mim. Continuavam com aquele ar de paixão, muito unidos de mãos dadas... De mãos dadas...? De mãos dadas!! É quando verifico, que naquelas mãos dadas, as alianças eram completamente diferentes! Era tudo tanga! Eles afinal eram casados, mas não um o outro!
Fiquei bastante mais descansada... Afinal, eu tenho razão... A raça humana continua na mesma. Sem surpresas. E se durante umas horas andei anestesiada, o universo encarregou-se de me mostrar que o amor é muito mais bonito e cúmplice, se for com outsiders!
Ahah! Já achavam que eu me tinha passado e que agora de repente me tinha dado para o romantismo, confessem...?
TNT
Sábado, 7 de Abril de 2007
Em plena época pascal, apraz-me falar sobre um assunto que me incomoda bastante.
O casamento pela igreja.
O casamento per si já me transtorna, o casamento pela igreja causa-me sérios distúrbios a vários níveis. Por não pertencer a nenhuma religião, organizada ou não, por não ser crente em nenhuma força superior, não quer dizer que não respeite a vontade e a crença alheia. Acrescento até, que sinto alguma inveja da dita fé que tanto tenho ouvido falar, mas que a mim nunca me tocou. E haveriam momentos, que com certeza me teria dado jeito. Adiante!
Vou aos casamentos nas igrejas com o mesmo espírito que iria a um jogo de futebol ou a um qualquer outro espectáculo. Participo nos rituais do levanta, senta, levanta, senta, não me peçam é para rezar e cantar e benzer, porque não me pagam para isso. Mediante justo pagamento, será uma proposta a considerar!
O que realmente me causa brotoeja são os votos, as juras e promessas no altar. Para quem acredita em deus, na virgem maria, no jota cristo e nessas cegadas todas deveria pensar mais vezes, antes de se prestar a determinados papéis. Porque ir para ali, para casa do senhor (levantem-se e benzam-se por favor), prometer que vamos ser fiéis e não sei o quê na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza (deves!) até que a morte nos separe, parece-me um bocadinho insultuoso. Vão mentir deliberadamente ao deus todo poderoso? Shame on them, não me parece nada bem...
Dirão os mais virtuosos, ah e tal pelo menos naquela altura acreditamos que é para sempre... Pois é meus amigos, mas a promessa não é: ok, eu hoje estou convicto que estarei contigo até à morte, mas amanhã logo se vê... A promessa é mesmo para sempre!! SEMPRE! E sempre é muito tempo. É todo o tempo.
Eu até acredito que é possível amar alguém para sempre. Já conseguir ficar com esse alguém... duvido muito. E não condeno nada quem não consiga. O que condeno é terem a lata de ir para os altares, crentes nos seus deuses, mas descrentes de si próprios. E tentarem enganá-los como se afinal não acreditassem que eles andam aí. Em todo o lado.
Afinal em que é que ficamos?
TNT