A propósito dos Capitães de Abril não quererem fazer parte das comemorações deste ano. Se há pessoas que conquistaram o direito de quererem fazer, ou não, parte de uma instituição, são estes senhores. É outra forma de se revoltarem, pois as revoluções nem sempre se fazem com chaimites.
Estes senhores fizeram o que nós não temos coragem, numa altura em que o clima de medo – embora manifestado de formas diferentes – era muito semelhante ao que se vive hoje.
As revoluções de hoje não passam de balelas no facebook, de bocas no twitter ou de, como aqui faço, posts nos blogs. Perdemos a coragem. Temos medo. Eu tenho.
Todas as semanas aumentam os combustíveis e o que é que fazemos? Filas intermináveis nas bombas para conseguirmos o ouro negro um ou outro cêntimo mais barato.
Os medicamentos aumentam vertiginosamente e o que é que nós fazemos? Não os tomamos, pode ser que a doença crónica passe.
E quando leio coisas como esta, até me revoltam as vísceras. Uma cambada que não tendo vergonha na cara, ainda um dia há-de, desgraçadamente, governar-nos.
Se os Capitães de Abril não querem pactuar com toda esta vergonha, até os aplaudo de pé. Homens de coragem que fizeram a mais fantástica Revolução que conheço.