Já passou uma semana, já estou mais calma, já posso falar nisto.
Os tempos que passei lá fora a lutar pela vida com uma garrafa de Macieira – mentira, eu bebo vodka, desculpem – tornaram-me mais patriota. Sempre defendi o meu país de uma forma quase encantatória. Quem não era português até ficava com vontade de o ser.
Na quinta-feira passada tive vergonha de ser portuguesa. Tive vergonha do meu país. Tive vergonha dos portugueses.
O governo deu tolerância de ponto. Mal, no meu ponto de vista. O fim-de-semana já era suficientemente grande, não havia necessidade de mais uma tarde. E os portugueses que bramam diariamente contra o governo, Sócrates, políticos, política, deputados e tudo o que possa representar os poderes instituídos, alaram com uma pinta que era vê-los em filinha a caminho dos Allgarves.
Se protestam tanto contra as medidas do governo, deviam ter ficado a trabalhar. Isso sim, era uma estalada na corja!
Mas que raio de gente é esta? Acham que os protestos se devem ficar pelo Facebook? Pois, um clique aqui e uma petição ali é fácil, não é?
Tolerância de ponto não significa feriado. Não é obrigatoriedade de não se pôr os cotos no emprego. Tolerância de ponto significa não se ser penalizado, caso não se vá trabalhar.
Se TODOS tivessem ficado nos seus postos de trabalho mostravam aos governantes de que massa se faz um português. Era um protesto à séria, um exemplo de integridade e consciência da situação do país. Era um grito de revolta. Era um alerta vermelho para os senhores do FMI que vão decidir os nossos desígnios nos próximos anos. Era como afirmar ‘Nós não somos quem nos governa. Somos melhores’.
Mas na realidade não somos. Nós somos quem nos governa. Somos iguais. E temos aquilo que merecemos. Nem mais, nem menos.
Já muito se tem falado sobre o caso Maria João Nogueira/Ensitel. Só se estiveram nos últimos dias debaixo de uma pedra é que não sabem o que se passa. Se for esse o caso façam o favor de ver aqui, aqui ou aqui. Os protestos multiplicam-se, as manifestações de solidariedade crescem como cogumelos. Não há muito mais a dizer a não ser sublinhar novamente que aqueles senhores deveriam contratar a mais profissional agência de comunicação para os assessorar. Se bem que desta já não se safam. Sempre que alguém passar por uma loja Ensitel por muitos e longos anos vai pensar duas vezes antes de entrar.
Resumindo, já não me apetece falar destes senhores. Vou falar da senhora em questão que fez despoletar o maior movimento de que há memória e que já é um case study no que às técnicas de comunicação diz respeito.
O pessoal dos blogs conhece a Jonasnuts. Eu conheço a Jonas. Foi minha chefe durante um ano e picos. Neste momento já não é, porque eu mudei de função, mas continua a ser a minha companhia diária no fumatório.
Há uns tempos, estávamos nós em reunião, o meu telefone tocou. Vi que era a minha mãe e saí da sala para atender. A minha mãe, que estava no Alentejo por causa do estado crítico de saúde de uma irmã dela, informa-me que a minha tia tinha acabado de morrer. Troquei mais uma ou duas frases, desliguei o telefone e voltei para a sala.
A Jonas percebeu que algo se passava e quando a reunião terminou perguntou-me “Passa-se alguma coisa?”. Contei-lhe o sucedido e a resposta imediata foi: “E o que é que ainda estás aqui a fazer? Vai-te embora, a tua mãe precisa de ti.”.
Eu não lhe tinha pedido nada. Não precisei.
Esta é a Jonas que eu conheço. É a Jonas que está sempre pronta a lutar pelos seus ‘meninos’, pela sua equipa. Que se indigna e dá voz a quem não a tem. Que defende com unhas e dentes as equipas que lidera.
E esta é a Jonas que está a ser intimada por uns tubarões para remover os posts do seu blog.
Há umas horas, no Facebook, uma amiga minha de longa data observou que não me queria ter por inimiga por causa da campanha que eu persisto em fazer a favor da Jonas. Aqui está a explicação. Estou apenas, e dentro das minhas possibilidades, a retribuir um pouco o que a Jonas faz diariamente.
Só espero que ela não leia este post, porque sei que não iria gostar de ver expostas as suas facetas mais gritantes: humanidade e justiça.
E pronto… tenho dito!
Ontem à noite, vi na SIC Notícias o senhor da ERSE que exigia que os ‘custos de interesse económico geral’ viessem discriminados na factura da EDP.
Se mal me pergunte… para quê? Posso não pagar se não concordar? Claro que não. Pago na mesma ficando apenas informada sobre todos os passinhos.
Isto é um bocado como estarmos a ser enrabados, mas vão-nos informando das várias etapas: “agora estamos a afastar-lhe as nádegas... em seguida vamos passar um pouco de lubrificante... depois vai ser mesmo a doer...”
Com descrição o sofrimento é menor?
A primeira vez que vi gente a viver nas ruas foi no início dos anos 90 (1991/92?) no Rio de Janeiro. Famílias inteiras nos passeios de Copacabana com lençóis, tachos e tudo o mais que se costuma ter debaixo de um tecto. Nunca tinha visto semelhante coisa, embora ouvisse falar da pobreza que se vivia naquele país. Foi nessa altura que decidi que não devia passar férias em países em que as pessoas viviam desta maneira enquanto eu me alambazava de caipirinhas numa esplanada mesmo ali ao lado.
Saliento que olhar de turista nunca é o mais acertado. É preciso andar nos transportes nas horas de ponta, frequentar os mercados e talhos diariamente e as tascas onde o povão almoça.
Por razões profissionais, por volta de 95/96 passei algum tempo da minha vida em Dublin, Irlanda. Na altura, falava-se do exemplo da Irlanda e de como tinham aplicado os fundos da então CEE. Na verdade, eu não conseguia ver nada. Mas lá pensei que os fundos tinham sido investidos no interior em indústrias ou agricultura, benefícios que não se sentiam na capital do país. Dublin era igualzinha a Lisboa, apenas mais cinzenta por causa do clima. Em termos de desenvolvimento não havia nada a salientar. Boa onda, muitos copos, comércio fechado às 17H00 e mais copos a seguir. Volto para Portugal e comento com algumas pessoas que me diziam que eu devia estar doida, que Irlanda era um exemplo. Acabei por concluir que tinha abusado do Black Bush e que afinal não tinha dado por nada daquilo que os jornais falavam.
Passados 10 anos vou trabalhar para Madrid, Espanha. Por essa época falava-se que este país era a 5ª maior economia do mundo. Andei de metro e de comboio à hora de ponta. Trabalhei numa empresa com 300 funcionários. Acordava por volta das 6h30 e vivia num hotel numa zona nobre da cidade, junto à Castellana. E garanto-vos que o que eu vi nas ruas de Madrid batia aos pontos a miséria que presenciei no calçadão do Rio de Janeiro. E, sim, estava na Europa, num suposto país do Primeiro Mundo e na tão afamada 5ª maior economia do mundo. Quando voltei a Portugal disse a várias pessoas o que tinha visto. Que achava que a tal grandiosa economia estava colada com cuspo e que tudo não passava de uma gigantesca operação de cosmética em que os espanhóis são imbatíveis. Só para dar um exemplo estúpido mas que diz muito: as espanholas andam sempre muito bem penteadas e vestidas, mas não tomam banho. Por fora a coisa até aparece apetecível, mas o cheiro a podre é perceptível a léguas. Desde que se esteja lá.
Não percebo nada de economia, nem de PIB’s, nem de taxas de crescimento. Sou uma total leiga na matéria. Mas sei o que vejo. E o que eu vejo em Portugal é que numa página de jornal lê-se que a taxa de desemprego entre os jovens ronda os 23% e na página seguinte também se lê que o concerto da Shakira está esgotado. Em que é que ficamos afinal?
Nesta época festiva em que, supostamente, devemos ser mais solidários, tolerantes, compreensivos, acaba por ser a altura do ano em que fico mais irritada com (quase) toda a gente que me rodeia. Apenas, suponho eu, porque há mais gente a pairar no mesmo espaço que o costume.
Sabem aqueles que nos centros comerciais ao subirem ou descerem as escadas rolantes ficam animadamente ou com ar de bois a olhar para palácio especados à saída das ditas? E o resto das pessoas – que não lhes devem interessar para nada – ficam ali a tentar sair desesperadamente do raio das escadas a recuar em cadência, simplesmente porque as bestas da frente decidiram ficar a pensar na vida à saída de um mecanismo que não pára… Aquilo não pára, sabiam??
Ou aqueles, que na fila da caixa do supermercado avançam logo e ainda não acabámos a nossa função (ingrata) de pagar? Quando a menina nos diz quanto é a dolorosa, lá têm de recuar com os carros todos e as crianças empoleiradas aos gritos para nós podermos proceder ao “verde-código-verde”. Será que eles não pagam e por isso não conhecem as regras?
E ainda aqueles que se arrogam de mais direitos que os outros em épocas natalícias – vai na volta ainda são parentes afastados do JC ou do S. Nicolau – e passam à frente de toda a gente só porque têm o gelado ao lume ou um urso polar no quintal?
Noutro dia, no Corte Inglés, estava na fila da recepção do supermercado para deixar umas coisas. Estava uma senhora a ser atendida há horas e a fila adensava-se. Aparentemente, o saco que ela tinha deixado lá no bengaleiro tinha desaparecido. Já toda a gente estava com um ar desconfiado a pensar duas vezes se deveria deixar os bens preciosos como o chapéu-de-chuva neste serviço, quando a dita senhora começa a dizer que eles tinham de lhe pagar a dita gabardine que ela tinha comprado, bem como o transporte para casa, uma vez que já ia perder o comboio ou lá o que era. Toda a gente achava que a senhora estava coberta de razão. Eis senão quando, a menina que estava já com um stress desgraçado, perguntou-lhe quando é que a senhora tinha deixado lá as coisas. Resposta: Há cerca de um mês atrás!
- Eh pá, faz-te à vida e deixa-me passar à frente, ó minha grandessíssima tecla 3! – não disse, mas fiquei cheia de vontade. Pelo sim, pelo não, passei-lhe à frente.
E pronto, lá se vai a solidariedade, compreensão e tolerância, valores tão bonitos, (principalmente) em época festiva…
De acordo com a Nespresso, deus é subornável, sim senhor.
Para quem ainda não viu o anúncio, a trama é qualquer coisa como isto: George Clooney acaba de comprar a sua máquina Nespresso. Ao sair da loja, cai-lhe um piano em cima – muito comum nos dias que correm – e em seguida depara-se com deus, magistralmente interpretado por John Malkovich. George Clooney riposta ao dizer que acha que a hora dele ainda não chegou e deus diz que se pode arranjar qualquer coisa, olhando babadamente para a máquina de café. Na cena seguinte George Clooney está vivinho junto à loja e sem a bendita máquina.
E quem diz máquinas de café, também diz quilos de robalos. Mas deixemos estes assuntos para depois, se bem que podemos aferir que deus podia ser perfeitamente ministro de um qualquer governo português ou, ainda, administrador do BPN.
Não sou crente. Em qualquer religião. Nem tampouco sou crente em quem crê. (Chiça, que aliteração!) Conheço muito boa gente que vai a Fátima e reza todos os dias e que depois rouba em lojas, engana a mulher e outro tipo de transgressões aos mandamentos e pecados instituídos.
Porém, há religiões mais ‘honestas’ que outras. Sabe-se logo ao que se vai. As IURD e afins são disso exemplo. Prometem um pedacinho de céu. Em contrapartida, paga-se. Em dinheiro. Cash. Pilim. Massa. Guito. É fácil: paga-se e tem-se um pedacinho de céu.
Com outras religiões mais conservadoras - onde não se canta, não se bate palmas ou se atiram para o chão em êxtase – e menos abertamente mercantilistas, a coisa é mais complicada. Nunca se sabe muito bem como é que vai ser. Para se ter a tal horta no céu tem de haver arrependimento dos pecados. E esse arrependimento tem de ser explicitado aos senhores de batina. Não há confissão, não há salvação.
E quem é que na verdade se arrepende realmente dos seus pecados? Deves!
Cada vez que se lembram dos óculos Prada que gamaram no El Corte Inglés que eram tão caros e dão tanto jeito… ou dos orgasmos que têm quando pulam a cerca… de repente, não me parece que o sentimento mais predominante seja o arrependimento, mas…
Em épocas de Natal não faz bem nem mal pensar um bocadinho no que andamos a fazer na vida. Porém, há pessoas que não sendo crentes, nem sabendo onde são as igrejas, pegam numa carrada de anjinhos do Exército de Salvação e decidem dar do seu bolso presentes a quem não os iria ter.
E é neste tipo de fé que me apraz acreditar.
Como benfiquista sanguínea, fico muito contente com a decisão de José Eduardo Bettencourt não kickar o Paulo Bento.
Sousa Cintra no seu melhor:
“Pedro Santana Lopes é o melhor presidente da Câmara de Lisboa desde o Marquês de Pombal”
Vamos lá saber quem se saiu melhor!
Já estou um bocado farta da conversa do jornal da TVI e da Manuela Moura Guedes.
Que toda a gente normal detestava o jornal de sexta-feira e daquela frase de abertura absolutamente prepotente “Boa Noite! Eu sou a Manuela Moura Guedes e este é o Jornal Nacional” ninguém pode negar. Que as pessoas já enfiavam nas suas orações o pedido sublimado para que aquilo acabasse rapidamente e que acabasse rapidamente o sofrimento de toda a gente que era obrigada a trabalhar com a apresentadora, também acredito. E que as noites de sexta-feira estão mais limpas também acredito.
O que eu não acredito é que aqueles que a detestam e detestam o seu jornal e linha editorial – e quando falo em linha editorial, peço perdão aos meus antigos professores de jornalismo pela heresia – defendam a situação como se a coisa tivesse algum tipo de qualidade. Até deviam estar a rezar a todos os santinhos por ela não poder continuar a envergonhar a classe.
Das várias opiniões mais esclarecidas que tenho ouvido contra a senhora em questão é que ela não pode e não deve, enquanto pivô de um jornal televisivo, emitir opiniões.
Não estou completamente de acordo...
Por esse mundo civilizado fora existem vários telejornais diários com modelos editoriais. Até em Portugal existe! Pasmem! O que se passa é que os apresentadores destes jornais são pessoas que eu podia apresentar à minha avozinha que já lá está sem ela me dizer “minha querida, cuidado com as companhias...”.
O Jornal das Nove da Sic Notícias é disso exemplo. Eu podia perfeitamente levar o Mário Crespo a conhecer a minha avozinha. Que o jornal apresentado por este senhor não tem as audiências dos jornais da TVI também é verdade. Porque a ele faltam-lhe algumas características que a D. Manuela Moura Guedes tem: a histeria, a má-criação, o semblante enlouquecido e, já agora, para ser má-língua, uma série de plásticas mal sucedidas e umas injecções de Botox.
Quanto à decisão daquele programa ser retirado da grelha: eu não sou vossa secretária e por isso não vou fazer o trabalhinho de casa a não ser que me paguem, que isto a vida não está para graças e borlas. Mas vão lá aos arquivos ver o que se passou quando a Prisa negociou a compra da Media Capital ao Miguel Pais do Amaral. (Ah, é verdade, Pais é com i e o senhor já o disse diversas vezes). Qual foi a primeira medida que os espanhóis tomaram? Alguém se lembra?
Eu até me lembro, mas sou suspeita por ser colaboradora do Grupo. Mas será que mais ninguém se lembra? Ou não dá jeito?
T.P.C.: Pensar por nós e questionar o que nos dão a comer.
TNT
. Ensitel assim a dar para ...
. Futebol
. Importa-se de repetir?? -...
. Qual foi o melhor 'esmiuç...
. O jornalinho da Manuela M...