Comer uma bola de Berlim na praia tem um sabor especial. Não me lembro de comer bolas de Berlim a não ser na praia. Gordurosas, cheias de creme e quentes. Vá-se lá saber porque sabem melhor. Sabem e pronto.
Hoje, numa praia do Algarve, oiço o tradicional pregão “Olhá boliiinha!”. Vá de saltar prontamente, agarrar a carteira e precipitar-me sobre o baú dos tesouros engordurados onde se lia ‘bolas de Berlim’ e, para inglês ver, ‘fresh donuts’. Ao entregar-me a bola, vejo que não tem creme. Sem creme? Como assim, sem creme?
Pois, parece que as bolas de Berlim da praia já não têm creme. Ora metade do gozo de comer uma bola de Berlim na praia é o risco de apanhar uma camada mortal de salmonelas. É aquela adrenalina de quem salta de um precipício de asa delta. É aquela deliciosa incerteza, é um ‘nunca se sabe’. E se se estiver no Algarve, o risco é ainda maior.
Toda a gente sabe que se entra no hospital de Faro com uma constipaçãozita e sai-se numa carrinha da Servilusa. O que fará com uma intoxicação alimentar? Nem os tipos do Jackass entram numa destas.
Só gente verdadeiramente temerária é que se arrisca a comer uma bola de Berlim cheia de creme nas praias do Algarve. E, agora, acabou. Raios partam os tipos da ASAE…