Nesta época festiva em que, supostamente, devemos ser mais solidários, tolerantes, compreensivos, acaba por ser a altura do ano em que fico mais irritada com (quase) toda a gente que me rodeia. Apenas, suponho eu, porque há mais gente a pairar no mesmo espaço que o costume.
Sabem aqueles que nos centros comerciais ao subirem ou descerem as escadas rolantes ficam animadamente ou com ar de bois a olhar para palácio especados à saída das ditas? E o resto das pessoas – que não lhes devem interessar para nada – ficam ali a tentar sair desesperadamente do raio das escadas a recuar em cadência, simplesmente porque as bestas da frente decidiram ficar a pensar na vida à saída de um mecanismo que não pára… Aquilo não pára, sabiam??
Ou aqueles, que na fila da caixa do supermercado avançam logo e ainda não acabámos a nossa função (ingrata) de pagar? Quando a menina nos diz quanto é a dolorosa, lá têm de recuar com os carros todos e as crianças empoleiradas aos gritos para nós podermos proceder ao “verde-código-verde”. Será que eles não pagam e por isso não conhecem as regras?
E ainda aqueles que se arrogam de mais direitos que os outros em épocas natalícias – vai na volta ainda são parentes afastados do JC ou do S. Nicolau – e passam à frente de toda a gente só porque têm o gelado ao lume ou um urso polar no quintal?
Noutro dia, no Corte Inglés, estava na fila da recepção do supermercado para deixar umas coisas. Estava uma senhora a ser atendida há horas e a fila adensava-se. Aparentemente, o saco que ela tinha deixado lá no bengaleiro tinha desaparecido. Já toda a gente estava com um ar desconfiado a pensar duas vezes se deveria deixar os bens preciosos como o chapéu-de-chuva neste serviço, quando a dita senhora começa a dizer que eles tinham de lhe pagar a dita gabardine que ela tinha comprado, bem como o transporte para casa, uma vez que já ia perder o comboio ou lá o que era. Toda a gente achava que a senhora estava coberta de razão. Eis senão quando, a menina que estava já com um stress desgraçado, perguntou-lhe quando é que a senhora tinha deixado lá as coisas. Resposta: Há cerca de um mês atrás!
- Eh pá, faz-te à vida e deixa-me passar à frente, ó minha grandessíssima tecla 3! – não disse, mas fiquei cheia de vontade. Pelo sim, pelo não, passei-lhe à frente.
E pronto, lá se vai a solidariedade, compreensão e tolerância, valores tão bonitos, (principalmente) em época festiva…
Na madrugada de 10/08/08, elementos do blog 31 da Armada subiram à varanda dos Paços do Concelho - Câmara Municipal de Lisboa - e substituíram a bandeira Municipal pela bandeira azul e branca da Monarquia.
Actualização a 01/09/09 - Esta sondagem terminou a 31/08/09 e contou com 220 participações. Ver resultados aqui...
Jantar de aniversário de uma amiga da faculdade onde revi colegas de há 20 anos...
- Olá! Há quanto tempo... estás na mesma! (treta) Então? Estás...
- Não, não casei e não tenho filhos.
Acredito piamente na gestão do tempo e acho que se deve poupar recursos na maioria das circunstâncias.
TNT
Quem me lê, já sabe que embirro com paizinhos que exibem fotos das suas criancinhas na Internet. Acho uma enorme falta de justiça, cuidado, sensatez, coerência e afins. Mas este, é um assunto que falei várias vezes e não vale a pena estar sempre a tocar na mesma tecla, principalmente, para quem é surdo.
Nas redes sociais, as pessoas tendem a contar todos os passos das suas vidas e das vidas dos seus rebentos com as devidas imagens que ilustram a festa de aniversário da Carminho, a primeira comunhão da Ritinha ou, quiçá, a perda de virgindade da Joaninha.
Frequentemente, vemos crianças – principalmente meninas – feias como a noite (daquelas noites mesmo feiosas) com os comentários (irónicos?) “As minhas princesas lindas”; “Lindas como a mãe” (pobre mãe… esperemos que tenha uma grande personalidade!) ou ainda; “A melhor coisa que já fiz na vida” (esperemos que não trabalhe em belas-artes).
Até acredito que as criancinhas tenham piada e sejam encantadoras, mas tenham paciência… lindas é que não são! E até pode haver alguma alma caridosa que diga que a beleza é subjectiva. Ok, é verdade! Mas estas almas caridosas tendem a comentar as fotos com expressões do estilo “Coitadinha… é tão engraçada” ou “É muito alegre, tem muita vida, coitadinha!”.
Porém, há pouco tempo, vi um paizinho orgulhoso com a fotografia da cria feia como a noite, com o seguinte comentário: “A minha princesa”. Eis senão quando, uma das amigas virtuais acrescenta “Que linda! Parecida com a mãe…”. Até aqui a coisa até parecia estar a correr bem para a criança que, obviamente, ainda não sabe ler nem escrever e por isso também não se poderá defender dos disparates dos pais e respectivos amigos. Mas o pai babado tratou disso e respondeu “Achas?? Não é nada! Se fosse parecida com a mãe era muito mais bonita!”
Ora aqui está um homem com um sentido estético apurado e uma sensibilidade de rinoceronte. Eu até percebo que a sua filha fosse a sua princesa. Ele até tinha a noção de que a filha era feia que nem trovões. Mas porquê estar a expor tudo isto?
Só espero é que na altura em que estas crianças tenham idade para mexer em computadores, estes registos já sejam obsoletos e inatingíveis. Porque, para além de verem as pobres figuras que foram obrigadas a fazer para milhões de pessoas verem e comentarem, ainda vão perceber que os pais – que viam como heróis – eram, afinal, uns grandes mentirosos!
TNT
Tenho uma amiga que diz que os males dos mundo surgem, na sua maioria, por causa de mal-entendidos. Poderá ter razão, mas eu acrescentaria que é preciso vontade para dar o braço a torcer e admitir que poderemos ser a origem dos mal-entendidos.
Nas relações – sejam emocionais, sociais ou profissionais – é preciso estarmos sempre atentos, não só aos erros dos outros, mas também aos nossos. E embora tenhamos quase a certeza de que estamos certos, não devemos ter sempre certezas absolutas como aquele senhor que nunca errava e raramente tinha dúvidas.
Eu, não sendo a pessoa mais paciente deste mundo, faço-me rodear de pessoas sensatas que me abrem os olhos quando a teimosia e o orgulho me impelem a ver apenas numa direcção.
Pedir desculpas pode ser um acto de uma nobreza enorme. Mas não pode ser sistema. Que isto de andar sempre a fazer merda e depois pedir perdão, pode ser muito giro para as religiões, mas para o dia-a-dia, vão-se mas é catar!
As pessoas devem pensar primeiro e só depois falar. Devem pensar antes de fazer. Devem pensar. Que é uma das poucas capacidades que nos distinguem dos animais.
"Tu é que tens a mania que és cool… na verdade és hot as chilli!"
Ora aqui está uma frase que me disseram hoje e que dificilmente esquecerei. O tema era sentimentos, emoções e a sua exposição.
TNT
Num jantar de amigos fala-se de promiscuidade. Aparentemente, cada pessoa tem a sua noção de promiscuidade, conforme os seus interesses. Na minha acepção, ser promíscuo é ser-se indefinido, incerto, misturar tudo e não decidir nada. É agradar a gregos e a troianos e fazer pactos com deus e com o diabo. É dizer-se de esquerda e votar à direita, é ser-se filiado no CDS e conselheiro de Francisco Louçã. É ter duas, três, quatro pessoas ao mesmo tempo, é saber gerir uma agenda de conflito com mestria de MBA. É ser-se católico praticante e adúltero. É caminhar de A para B e de B para A, fazendo algumas visitas guiadas ao resto do abecedário, incluindo o K, W e Y. E voltar para A. E depois para Z.
“És uma falsa promíscua” – diz-me o único homem presente na mesa.
Enganam-se. Não sou sequer promíscua. Não tenho coração nem estômago para isso. Sou observadora, estratega, caçadora e temerária. Faço o que digo. Digo o que faço.
Sou uma desbocada. Sou, talvez, doida. E não sou moralista. Não faço juízos. Não critico. Sou (quem sabe?) insustentavelmente leve.
TNT
Tenho um amigo que vive nos EUA há uma série de tempo. Para mais de 20 anos. Como já vive há mais tempo nos EUA do que viveu cá – embora continue a falar correctamente português sem qualquer sotaque – está distante da realidade e “aventuras na república portuguesa” como diria esse monstro da literatura que eu muito aprecio.
Uma das coisas que ele nota no nosso comportamento e que diz que é recorrente é a expressão: “Eh pá… isso é muito complicado”. Diz ele que é uma das frases que mais ouve e estranha em Portugal.
E se repararmos bem, podemos verificar que ele está coberto de razão. A complicação está de pedra e cal e instituiu-se de uma forma quase absurda. Tudo é uma complicação. Tudo é difícil de resolver. Qualquer processo é estupidamente burocrático. Mas será que a realidade é mesmo esta ou a complicação alojou-se na cabeça das pessoas? Se dissermos que é difícil e complicado, será que esperamos que nos dêem mais valor por termos conseguido alcançar um objectivo ou ultrapassar um desafio?
A verdade é que a vida se tem vindo a simplificar. Tudo caminha para isso. Creio que as pessoas é que insistem em manter-se no mar da complicação para, na sua avaliação diária, como seres humanos, profissionais e emocionais, andarem sempre entre os 16 e os 20 valores. Porque ninguém suporta um 9 ou um 10 na sua própria avaliação.
A maioria das pessoas centra-se nos problemas em vez de se centrar nas soluções. Os problemas suscitam interesse, cusquice, vitimização, pena. E parece que o português típico gosta destas coisas.
As soluções dão trabalho, mas a verdade é que dão muito menos trabalho que a obsessão pelos problemas. Consomem menos, causam menos rugas e sobra-nos tempo precioso para todas as coisas que gostamos de fazer, mas para as quais “nunca temos tempo”…
TNT
. Eh pá... isso é muito com...