À Sra. Canavilhas, ao Sr. Tozé Brito, à SPA, à GDA, à AGECOP e restante pandilha
Estávamos em 1989 quando comecei a trabalhar em publicidade. Era copy writer. Até cheguei a ganhar um prémio ou outro. Trabalhava horas a fio e ganhava razoavelmente bem. A minha entidade patronal recompensava o meu esforço, mas a SPA não. Sempre desconfiei deste tipo de empresas/sociedades/cooperativas onde não se percebe exactamente quem faz o quê e para onde vai o dinheiro. A SPA é uma máquina de triturar dinheiro como são outros institutos congéneres. Habituei-me. Sou portuguesa com muito orgulho, mas sei que há sempre polvos neste país que se sabem movimentar muito bem independentemente da cor dos governos. São escorregadios, ubíquos e gente que se deve evitar a todo o custo. E tentei sempre evitá-los. Até hoje.
Dizem estes senhores que devo pagar uma taxa quando adquiro suportes de armazenamento. Insurjo-me da mesma forma como me insurgiria se chegassem aqui a casa e tentassem assaltar-me. Porém, n'A Arte da Guerra - Sun Tzu, livro milenar sobre estratégia militar - ensina-se que devemos lutar com as mesmas armas e a um nível superior do inimigo. Para caçar pardais, usamos fisgas ou pressões de ar. Para caçar veados – não vejam isto como uma ofensa às vossas orientações sexuais – usa-se uma caçadeira. E para caçar escroques? Bom, parece que os próprios se deixam caçar pela sua incomensurável ganância.
A SPA publicou um comunicado onde enunciava o abaixo-assinado de mais de uma centena de autores. Horas depois, um dos supostos assinantes, António Pinho Vargas, após ter sido interpelado acerca da sua participação nesta lei obscena, diz abertamente que não foi contactado pela SPA para o fazer e que não assinou nada.
Gabo-lhe a coragem. Outros há, que mesmo vendo lá falsamente os seus nomes, não se arriscam por recearem represálias. Gabo também a coragem dos primeiros artistas a manifestarem-se contra esta proposta de lei ainda antes do dito abaixo-assinado.
As redes sociais começaram a funcionar. As pessoas começaram a partilhar. As pessoas perceberam que lhes estavam novamente a ir aos bolsos. E a tal orquestra de que os senhores falam começou a afinar. Sem maestros. Porque hoje as coisas mudaram. As pessoas comuns têm voz e não precisam que lhes indiquem o caminho. As pessoas comuns têm acesso à informação e já não são enganadas com a facilidade de outros tempos. E quando tentam amordaçar as pessoas comuns, elas revoltam-se.
Vocês têm grandes agências de comunicação pagas a peso de ouro – com o dinheiro dos vossos cooperantes – e não é à toa que apresentam passivos obscenos.
As pessoas comuns têm a razão e a Internet, meus caros! E a razão e a Internet, mesmo sendo de baixo custo, são muitíssimo mais poderosas que o polvo... que se quer é 'à Lagareiro'.
Não ameacem as pessoas comuns. Porque aquilo que nos diferencia é que nós temos razão. Ah, e já agora, e à laia de rapariga reguila que sou, há mais uma diferença… nós temos a vossa morada.