Quarta-feira, 3 de Junho de 2009
O meu nome é Ana.
O meu mail começa por ana.
Ana é um nome claramente feminino existente em quase todas as línguas.
Então por que raio é que insistem em enviar-me mails para me aumentar o pénis??
TNT
Terça-feira, 14 de Abril de 2009
Quem me lê, já sabe que embirro com paizinhos que exibem fotos das suas criancinhas na Internet. Acho uma enorme falta de justiça, cuidado, sensatez, coerência e afins. Mas este, é um assunto que falei várias vezes e não vale a pena estar sempre a tocar na mesma tecla, principalmente, para quem é surdo.
Nas redes sociais, as pessoas tendem a contar todos os passos das suas vidas e das vidas dos seus rebentos com as devidas imagens que ilustram a festa de aniversário da Carminho, a primeira comunhão da Ritinha ou, quiçá, a perda de virgindade da Joaninha.
Frequentemente, vemos crianças – principalmente meninas – feias como a noite (daquelas noites mesmo feiosas) com os comentários (irónicos?) “As minhas princesas lindas”; “Lindas como a mãe” (pobre mãe… esperemos que tenha uma grande personalidade!) ou ainda; “A melhor coisa que já fiz na vida” (esperemos que não trabalhe em belas-artes).
Até acredito que as criancinhas tenham piada e sejam encantadoras, mas tenham paciência… lindas é que não são! E até pode haver alguma alma caridosa que diga que a beleza é subjectiva. Ok, é verdade! Mas estas almas caridosas tendem a comentar as fotos com expressões do estilo “Coitadinha… é tão engraçada” ou “É muito alegre, tem muita vida, coitadinha!”.
Porém, há pouco tempo, vi um paizinho orgulhoso com a fotografia da cria feia como a noite, com o seguinte comentário: “A minha princesa”. Eis senão quando, uma das amigas virtuais acrescenta “Que linda! Parecida com a mãe…”. Até aqui a coisa até parecia estar a correr bem para a criança que, obviamente, ainda não sabe ler nem escrever e por isso também não se poderá defender dos disparates dos pais e respectivos amigos. Mas o pai babado tratou disso e respondeu “Achas?? Não é nada! Se fosse parecida com a mãe era muito mais bonita!”
Ora aqui está um homem com um sentido estético apurado e uma sensibilidade de rinoceronte. Eu até percebo que a sua filha fosse a sua princesa. Ele até tinha a noção de que a filha era feia que nem trovões. Mas porquê estar a expor tudo isto?
Só espero é que na altura em que estas crianças tenham idade para mexer em computadores, estes registos já sejam obsoletos e inatingíveis. Porque, para além de verem as pobres figuras que foram obrigadas a fazer para milhões de pessoas verem e comentarem, ainda vão perceber que os pais – que viam como heróis – eram, afinal, uns grandes mentirosos!
TNT
Sábado, 8 de Setembro de 2007
Da mesma forma que a tecnologia tem a capacidade de facilitar a comunicação, também é capaz, por falha humana, de a dificultar.
Noutro dia, um rapazinho que admiro, manda-me um mail à laia de declaração de amor. Embora eu lhe reconheça alguns talentos e lhe ache alguma piada como pessoa, definitivamente não o vejo como um alvo das minhas caçadas.
Por não ser a rapariga mais romântica do mundo e por vezes ter uma sensibilidade um tanto ou quanto masculina - leia-se inexistente - no que respeita a estas matérias, decido enviar o dito mail a uma amiga para ela me dizer o que achava daquilo e que rezava assim: “Apanhei uma ganda seca a ler isto... mas diz-me o que achas.”. Reply...Send!
(....)
REPLY??? REPLY??? Socorro, enganei-me no comando!
Pergunta-me a minha amiga – “e depois, como é que descalçaste essa bota?"
Não descalcei minha querida... ainda a trago calçada...!
TNT
Segunda-feira, 2 de Julho de 2007
Leio algures que um estudo de uma universidade americana conclui que 81% das pessoas mentem descaradamente nas suas incursões virtuais. Mentem acerca da sua identidade, idade, aspecto físico, condição social, localidade... enfim, mentem sobre tudo o que diz respeito à sua pessoa.
Admito até, que de vez em quando nos apeteça ser outra pessoa. Estamos fartos da nossa vidinha e só nos apetece ser um euromilionário, um excêntrico. Mas sejamos honestos, se formos euromilionários, se calhar não andamos em chat rooms. Se calhar andamos em casinos flutuantes, jactos privados, rodeados de gajas boas, loiras e burras, que nem sequer sabem o que é o messenger. E cujas unhas de gel não permitem de maneira nenhuma, teclar.
Se 81% das pessoas mentem aos seus companheiros de teclado, partimos do princípio que quando iniciamos uma conversa com alguém, esse alguém nos estará a mentir. Não vamos achar que o nosso interlocutor é afinal uma excepção que se encontra do outro lado da barricada. E o que é que acontece? Mentimos também!
Pinta-se um machão de 1,90, alto, forte e espadaúdo, quando afinal não passa de um miúdo de 13 anos cheio de borbulhas, aparelho nos dentes e hormonas aos saltinhos. Não se exclui que possa vir a ser o tal pestanudo anunciado, mas por enquanto ainda vai ter de esperar uns anos para pertencer aos 19% dos que são sinceros na net. E nós o que fazer? Vamos passar todas a ser loiras de 1,80 com um major degree em engenharia genética e que por acaso estagiámos com o James Watson?
A meu ver, pessoas interessadas são forçosamente interessantes. E se são naturalmente interessantes, escusam de mentir para se tornarem mais apelativas às web cams dos outros. Porque as mentiras têm perna curta, seja onde for. E ser achincalhado publicamente por ser apanhado a dar tangas destas, é tão mau no recreio da escola, como em blogs ou chat rooms.
As cibertangas são tão prejudiciais como as outras. Até há quem já tenha sido preso por isso e tudo...
TNT
Sábado, 21 de Abril de 2007
As relações virtuais fascinam-me...
Em tempos apresentei uma amiga a um amigo que vive fora. Eles entenderam-se muito bem durante uns dias, mas depois ele teve de voltar para o outro lado do Atlântico. Porém, a afinidade tinha sido tão grande que acabaram por se corresponder durante meses, entre messenger, mails, telefone, etc. Ele ligava-lhe todas as noites, ela enviava-lhe um mail todas as manhãs. Por manhas do destino acabaram por se afastar. No entanto, aquela relação passada essencialmente no éter, era mais forte e estava mais consolidada do que muitas que conheço por aí.
As relações desenvolvidas neste meio são muito mais genuínas, quanto mais genuínas as pessoas forem. Pelo facto de não haver a barreira física da expressão menos feliz ou de um olhar mais crítico, a facilidade da aproximação é deveras atraente. Conseguimos falar de tudo e mais alguma coisa, confessar os nossos receios e fraquezas, porque na verdade, temos sempre a secreta esperança, que aquela pessoa não existe. É apenas um reflexo daquilo que gostaríamos de ter. Nunca a vimos, nunca lhe sentimos o calor ou o cheiro da pele e no entanto está mais próxima de nós e da nossa alma do que alguma outra poderia estar, aqui mesmo ao lado.
A dependência, o hábito e o vício da palavra tornam-se parte integrante das nossas vidas. A partilha da métrica silábica e dos estados de alma no ciberespaço, necessária. E a ressaca da ausência, pesada.
Como diz a letra “A desejar o que não tive, agarrado ao que não tenho*...”
Será possível sentirmos falta do que nunca tivemos? Será legítimo ter saudades do desconhecido? E a intensidade do desejo, será que se desvanece com o conhecimento?
Talvez o melhor, seja o permanente adiamento do encontro. Sem desilusões, sem expectativas goradas. Príncipes e princesas encerrados em torres de chips, motherboards e cristais líquidos.
TNT
* Não Sou o Único - Xutos & Pontapés